23 de março de 2011

APAGÃO DE MÃO DE OBRA! SERÁ?


Lemos diariamente nos jornais que o País passa por uma séria crise de renovação de talentos, ou seja, profissionais que ao se aposentarem não são substituídos à altura, por outros com o mesmo nível de conhecimento. Mas por outro lado vemos jóias raras, talentos sendo desperdiçados e sem nenhuma oportunidade de mostrar sua competência profissional. Este artigo tem como objetivo mostrar que não é bem assim, na proporção como muitos dizem e propagam.

Uma pergunta fica no ar, existe realmente o apagão de mão de obra ou as empresas e os gestores que têm poder de decisão é que sofrem de amnésia, ou apagão de vontade de fazer de modo diferente, inovador ?

Existe sim mão de obra, oferta o bastante para atender a demanda das organizações, o que não existe é a boa vontade, o bom senso no recrutamento e seleção por estes profissionais. O que as empresas querem são profissionais maduros, mas ao mesmo tempo jovens; mas como conseguir que sejam maduros se não lhes dão oportunidades? E os que já tem uma bagagem de experiência? Será que terão chances de mostrar suas competências e habilidades, ou o mercado que se diz ávido por diversidade de pessoal, só fala, mas acaba não praticando nada ?

Enquanto não mudarem as diretrizes da educação, enquanto a educação não for tratada como coisa de primeiríssima necessidade, enquanto muitos dos cidadãos brasileiros não perceberem o quanto é importante o estudo, o aprendizado e o saber, maus políticos continuarão a deitar e rolar. Estes maus políticos buscam legislar em causa própria, fazendo com que o país tenha ano a ano uma tendência de crescimento ínfimo, frente a nações que tem a educação como prioridade máxima, buscando sempre a excelência e a melhoria contínua, aumentando a qualidade do ensino e também a quantidade de anos que o estudante permanece na escola.

Na hora que os políticos forem pressionados e tiverem seus mandatos ameaçados em eleições futuras, darão mais valor aos educadores, fazendo mais a estes profissionais, possibilitando que tenham uma vida mais digna, podendo se reciclar, investindo em livros, cursos, capacitação, intercâmbio, viagens e tudo que some, que agregue novos conhecimentos. Mas como fazer isso em um país que não prioriza a educação? Só mesmo com muita coragem, foco, comprometimento, motivados por si próprios, pois se for esperar algo vindo dos governos, é melhor puxar uma cadeira e esperar sentado, pois a oratória é muito bonita, mas na prática é totalmente contrária. Acredito claramente no avanço da educação, mas infelizmente por pressão, pois só assim teremos condições reais de melhorar a qualificação de nossos profissionais e isso passa necessariamente pelos nossos educadores.

Em um mundo em que as pessoas têm uma maior expectativa de vida, profissionais com mais de 40 anos ainda são considerados “velhos”, termo altamente pejorativo, uma discrepância no mundo atual, pois quando o profissional está na melhor fase produtiva, é retirado compulsoriamente ou podado de poder dar a sua contribuição, pois o consideram ultrapassado,com vícios. Infelizmente sabemos, o que mais querem é moldá-lo, que siga um modelo pré-concebido. Quando será que as organizações vão dar realmente valor aos profissionais considerados fora do “padrão ideal”, qualificados sim, mas com perfil diferente aos demais, principalmente com outros atributos, divergindo com que a grande maioria do mercado almeja e copia de forma desenfreada.

Não consigo imaginar como um candidato a uma vaga possa ser eliminado por não ter fluência no idioma Inglês, ao invés sim de ter fluência em sua língua mãe que é o Português. Bons profissionais já são descartados sem ao menos ter a chance de mostrar seus conhecimentos, valores e qualidades, requisitos muito mais essenciais que a fluência, que pode ser obtida, conquistada com o tempo.

O mercado reage copiando o que outros fazem, e assim recrutam e selecionam perfis idênticos, os que estiverem fora estão fadados a esperar por uma oportunidade, que se não for por uma “alma caridosa” pode vir a nunca ocorrer.

Profissionais desmotivados por baixos salários, falta de estrutura apropriada ao desenvolvimento eficiente do trabalho, baixa auto estima, produtividade aquém do ideal, stress, problemas de ordem financeira e conflitos de gerações são problemas identificados em um grande número de organizações no Brasil. Isto demonstra o porque muitas perdem competitividade diante de empresas globais.

É certo que existam déficits em algumas profissões, como nas áreas de engenharia, construção civil e TI, mas nada que uma boa diretriz na educação não venha minimizar ou controlar. Espero que o novo governo melhore e priorize a educação, pois só assim poderemos crescer de forma sustentada e por longos períodos.

Por fim, conheço profissionais altamente capacitados, mas por terem cursado uma faculdade após a idade da maioria ou ainda de pouca expressão, ficam à mercê, sem chances de recolocação na área em que se formaram. Por isso tenho plena convicção que não exista apagão de mão de obra, mas sim uma falta de aproveitamento de talentos que estão escondidos em várias regiões brasileiras, esperando por uma oportunidade que muitas vezes não chega a aparecer.

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